WeChat – O sucesso chinês

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Responder mensagens no grupo da família, olhar os e-mails do trabalho, ver o trajeto com menos trânsito para a reunião, comprar ingressos para o cinema no fim do dia. É cada vez mais comum para os usuários de tecnologia acessarem vários serviços ao mesmo tempo. Assim, por que não oferecer todos eles dentro de um mesmo aplicativo? É exatamente isso que o WeChat está fazendo na China.

O aplicativo é um case de sucesso nessa segmentação de multifuncionalidade. Criado em 2011 pela empresa Tencent, é hoje a maior inovação e revolução tecnológica do país, onipresente na vida de seus mais de 1,1 bilhão de usuários. O serviço também revolucionou o uso do dinheiro na China com sua plataforma de pagamentos – um movimento que deve ser observado como aprendizado por qualquer empresa do mercado financeiro.

O WeChat entrou no mercado como um serviço de troca de mensagens. Com o tempo, percebeu a oportunidade de desenvolver mais ferramentas dentro de seu produto, e assim fidelizar ainda mais usuários. Passando de um simples aplicativo de chat a um canivete suíço que oferece diversos serviços dentro da mesma plataforma, fez com que as pessoas passassem cada vez mais tempo dentro de seu ecossistema.

Ecossistema de miniaplicativos

Dentro do WeChat, os usuários podem ler notícias, distrair-se com jogos, pagar multas de trânsito, alugar bicicletas, agendar uma consulta médica ou reservar um restaurante. Convencer as empresas a agregarem suas funcionalidades dentro do app ficou cada vez mais fácil porque, conforme o aplicativo fazia sucesso e aumentava seu alcance, elas buscaram integrar-se a esse ecossistema.

Toda essa integração de recursos só é possível por meio do uso das APIs (Application Programming Interfaces). Com essa tecnologia, os serviços parceiros são agregados e disponibilizados dentro do aplicativo, e podem ser solicitados a qualquer momento pelos usuários. A estratégia se mostrou tão acertada que, hoje, o WeChat domina cerca de ⅓ do tempo que os usuários gastam quando acessam a internet pelo celular.

A carteira virtual e a revolução do dinheiro

Com uma grande base de adeptos, a Tencent lançou o WeChat Pay, uma wallet (carteira virtual) que permite o pagamento digital por QR Code dentro do próprio aplicativo. Atualmente, esse é o meio de pagamento mais comum na China, aceito até nas barracas de comida de rua. Basta apontar o celular para o QR Code exibido pelo vendedor e pronto, transação realizada.

Com essa sacada, o aplicativo revolucionou o uso da moeda no país. A China sempre teve altas taxas de população desbancarizada, e a maioria das pessoas usava dinheiro em espécie. Porém, com a chegada dessa nova forma de pagamento, a circulação de notas tornou-se desnecessária. A inovação fez os usuários migrarem do dinheiro em papel para o banco digital rapidamente. Qualquer um com um celular, mesmo sem conta em banco, pode receber e enviar dinheiro por sua carteira virtual do WeChat. Os usuários podem depositar valores em estabelecimentos e pontos de recarga que oferecem essa integração em sua conta no app, e por lá conseguem fazer pagamentos e transferências bancárias sem taxas pela plataforma.

Atualmente, os pagamentos no WeChat Pay movimentam cerca de 4 trilhões de dólares ao ano – o que representa cerca de um terço do PIB (produto interno bruto) nacional. Já o volume médio de pagamentos diários feitos dentro do aplicativo superou a marca de 1 bilhão em 2018. Comparado com o uso do cartão de crédito pelo país, a plataforma de pagamentos por QR Code conquistou muito mais os usuários.

Uso de dados como diferencial

O WeChat desponta em relação aos aplicativos semelhantes pela análise de dados de seus usuários. Diferente de outros que oferecem o mesmo serviço de troca de mensagens, o app reconhece os hábitos de vida das pessoas e oferece serviços e propagandas customizadas de acordo com o interesse do usuário. Por exemplo, se um lembrete de viagem for colocado na agenda, o aplicativo indica um guia turístico. Ou sugere a farmácia mais próxima assim que o usuário sai da consulta médica.

Além disso, ao seguir as rigorosas políticas de monitoramento impostas pelo governo chinês, o WeChat ainda não é ameaçado por quem vem de fora. O policiamento digital do país é uma grande barreira para outros aplicativos que tentam se estabelecer por lá, mas encontram dificuldades de se adaptar em um ambiente digital tão transparente para o governo e até para os próprios usuários.

Tendências e WeChat como modelo para o futuro

O WeChat é o maior exemplo da tendência de agregar serviços em uma única plataforma. O uso do recurso de APIs permite fazer essa integração e oferecer um ecossistema completo ao usuário. Além disso, é a prova de que o universo dos serviços financeiros está em transformação. Um aplicativo de mensagens passou a ser responsável por bilhões de transações na China. Todos os bancos, operadores de cartão de crédito e adquirentes precisam ficar atentos à chegada desses novos protagonistas ao sistema, para entender como se posicionar em um mercado que está se transformando com rapidez.

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